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O papel da Agronomia na Agenda 2030


Dentre os 17 Objetivos estipulados pela Agenda 2030, existem aqueles que estão no campo de atuação da Agronomia, tais como: Erradicação da Pobreza; Fome Zero e Agricultura Sustentável; Água Potável e Saneamento; Trabalho Decente e Crescimento Econômico; Redução das desigualdades; Consumo e Produção Responsáveis; Ação Contra a Mudança Global do Clima; Vida na Água; Vida Terrestre.


É claro que a Agronomia está inserida de uma forma indireta nos outros oito objetivos restantes, mas vamos nos ater nesses que são de atuação direta.


Evidente que quando falamos em Erradicação da Pobreza estamos colocando a Agronomia na linha de frente, pois ao redor do mundo ainda existem pessoas vivendo com menos de U$S 1,25 por dia e no campo essa realidade se faz mais presente, pois a migração campo-cidade se dá por falta de condições de produção dessas pessoas ou por mera expulsão pelos grileiros e grandes proprietários. Cabe à Agronomia intervir nesse processo, criando metodologias e novas práticas agrícolas que permitam a produção e fixação do produtor no meio rural com dignidade e o necessário pra sua subsistência e renda. Nesse quesito temos a nosso favor a pesquisa, a academia e a extensão rural que muito bem desempenham esse papel.


Fome Zero e Agricultura Sustentável nem precisa dizer muita coisa, pois o objetivo está claro que depende da Agronomia produzir o suficiente para acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, a melhoria nutricional e promover a agricultura sustentável. Muitas nações do mundo foram dizimadas ou entraram em declínio pelo excesso de extração das florestas, erosão descontrolada, assoreamento dos cursos d’água e uma má tecnologia de produção (recomendamos a leitura do livro COLAPSO de Jared Diamond). Promover a agricultura sustentável e apoiar os pequenos agricultores é tarefa possível para os profissionais da Engenharia Agronômica. Imagine um mundo onde todos têm acesso a alimentos suficientes e nutritivos durante todo o ano, já que atualmente todas as noites uma em cada nove pessoas vão dormir com fome. Produtores, com assistência técnica adequada e pesquisa, juntos, poderão fazer disso uma realidade até 2030.


Com auxílio da Engenharia Agronômica, a gestão sustentável da água e saneamento rural poderão ser assegurados e disponíveis para todos, inclusive nas cidades, que dependem dos cursos d’água que passam pelos campos e florestas. Todos os seres vivos, animais ou vegetais, necessitam de água para a sua sobrevivência, desenvolvimento e reprodução. Portanto, cuidar das nascentes, promover agricultura limpa, respeitar os limites de proteção e uso são tarefas inerentes aos profissionais que dão assistência técnica aos produtores.


Trabalho Decente e Crescimento Econômico Sustentado e Inclusivo é parte importante do fato das pessoas terem empregos que paguem o suficiente para sustentar a si e aos seus familiares. A boa notícia é que a classe média está crescendo em todo mundo, quase triplicando nos últimos 25 anos e integrando um terço da população mundial. Porém, ainda tem cerca de 200 milhões desempregados (quase a população do Brasil). Não só as cidades poderão abrigar e resolver essa situação, cabe ao meio rural também criar mecanismos de absorção dessa mão de obra e destinar-lhes renda digna e empregos decentes.


Redução das Desigualdades entre pessoas e regiões que atinge milhões de populações mundo afora. Para resolver isso devemos lançar mão dos avanços tecnológicos, da internet, da conectividade entre pessoas e adotar políticas públicas que criem oportunidades a todos. A desigualdade de renda é um problema global, do campo e das cidades, portanto, a solução seria melhorar a regulamentação dos mercados e instituições financeiras, enviar ajuda humanitária aos que mais precisam e ajudar as pessoas que se fixaram em seus locais de origem.


Consumo e Produção Responsável dizem respeito aos nossos hábitos e costumes. Uns não consumem o que necessitam e outros consomem tanto que jogam no lixo o excedente. Consumir preservando os recursos naturais para que gerações futuras assim também possam fazê-lo. Portanto, cortar os desperdícios de alimentos per capita à metade, engajar as empresas e os consumidores em aproveitar resíduos por meio da reciclagem, eliminar os resíduos tóxicos, além de ajudar os povos que não consomem o suficiente para sua sobrevivência, são maneiras de produzir e consumir com responsabilidade.


Ação Contra a Mudança Global do Clima é tarefa não só da Agronomia, mas de todos os habitantes do planeta terra.

As plantações em áreas frias com temperaturas marginais para a agricultura podem de fato aumentar, enquanto as plantações em áreas quentes ou secas podem diminuir. Na Califórnia e em muitos outros climas frios, o desaparecimento das neves das montanhas diminuirá a quantidade de água disponível para uso doméstico e para a irrigação, o que limitará a produção agrícola daquelas áreas. (Jarred Diamond – COLAPSO, páginas 589/590).

Como vemos a Ação Contra as Mudanças Climáticas é uma ação também muito forte da Agronomia, pois além das perdas das terras agricultáveis temos as perdas anuais causadas pelos Tsunamis, terremotos, ciclones tropicais e inundações, causando novos investimentos de centena de bilhões de dólares na recuperação dessas áreas atingidas.


Vida na Água trata de conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. A temperatura, a química, as correntes e formas de vida tornam os oceanos possíveis à vida humana. Mais de 3 milhões de pessoas dependem da diversidade marinha e costeira para sua subsistência. Os oceanos absorvem cerca de 30% do CO² produzido pelo homem, porém essa produção excede a capacidade de absorção, deixando a água dos oceanos mais ácida 26%, mais que o início da revolução industrial no século XXVIII. Nosso lixo, como 13 mil de pedaços de plásticos em cada quilometro quadrado de oceano, ajudam a deteriorar a vida nos mares e oceanos.


Vida Terrestre significa proteger, recuperar, promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda da biodiversidade. As interdependências dos seres vivos é a chave para a vida. Alimentos, ar puro, água limpa e potável, o combate às alterações climáticas, são indispensáveis para existência da vida no planeta. Nós humanos fazemos parte disso. A vida vegetal representa 80% da dieta humana. As Florestas, que cobrem 30% da superfície da Terra, ajudam a manter o ar puro, a água limpa e o clima em equilíbrio. Além de abrigo e lar para milhões de espécies animais. Apesar disso, as terras agricultáveis estão desaparecendo em uma velocidade 30 a 39 vezes mais rápida do que as taxas históricas. Desertos estão se espalhando. Animais estão sendo extintos. É urgente frearmos esses eventos e, a Agronomia tem responsabilidade nisso, tanto para o bem quanto para o mau.

Neste sentido, a Associação dos Engenheiros Agrônomos do Distrito Federal (AEA-DF), membro da Rede ODS Brasil, faz gestões junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (CREA-DF) e ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) para o engajamento da categoria nessa agenda.


Conseguimos junto ao CONFEA incluir no rol de palestras da 75ª, 76ª e 77ª Semana Oficial da Engenharia e Agronomia (SOEA), realizadas em Belém, Maceió e Palmas, respectivamente, o tema da “AGENDA 2030 no Contexto das Engenharias”.


Em 2019, o assunto também fez parte da programação do XXXI Congresso Brasileiro de Agronomia (CBA), no Rio de Janeiro, onde se pôde aprofundar no tema, especificamente para os engenheiros agrônomos brasileiros.


Os esforços da AEA-DF continuam no sentido de conscientizar os profissionais da importância dessa ação global em que se traduz a Agenda 2030 com seus 17 Objetivos e 169 metas.


Aqui apontamos apenas os ODS que se relacionam diretamente com as Engenharias Agronômicas, porém, os outros 8 restantes têm relação direta com as Engenharias em geral, Civil, Mecânica, Elétrica, Aeronáutica, Naval, Computacional, Geociências, etc.


É urgente um mergulho nesses Objetivos por parte das instituições civis da sociedade. Esse engajamento é completar às políticas públicas que os governos, nos 3 níveis, devem implementar.


A AEA-DF, no seu pequeno papel de indutor dos profissionais da Engenharia Agronômica, e seguindo orientações das SOEA’s e do XXXI CBA, tem procurado criar situações de aglutinação e difusão nos eventos em que participa.

Maurício Garcia

Engº Agrônomo, diretor da AEA-DF, ex-Conselheiro Suplente do CREA-DF e ex-Conselheiro Federal Suplente do CONFEA

Paulo Cabral

Engº Agrônomo, diretor da AEA-DF, Conselheiro Regional do CREA-DF e professor titular de Sustentabilidade do Instituto Federal de Brasília (IFB)

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